Quarta-feira, 11 de Março de 2015

Tanto tempo.....

Faz neste momento 74 anos que a minha mãe entrava em trabalho de parto.

Lá longe, em pleno mato angolano, mesmo em Vila Luso.

Antes de mim já havia mais 3 , um de 5 anos , 4 e 3 .Meu pai era médico da missão( nunca soube porque se dava o nome de missão a um amontoado de palhotas).

Nessa noite não estava , tinha ido em serviço lá para longe , nas margens do Zambeze.

Com a minha mãe estavam 2 mulheres experientes , de raça negra, muito afectuosas com a nossa familia.

Demorou muito este parto, quando finalmente nasci, vim roxa!

Arranjaram-se rapidamente um balde agua fria e outro de agua quente e lá vou eu de mergulho ora para um ora para outro.

Comecei a respirar e ....aqui estou.

Não fui muito ou nada feliz nesta existência resvés....Poderia ter sido ou rés ou vés, mas não foi.

Uma tremenda ansiedade colou-se a mim desde esse dia. quantas vezes me interrogo porquê.Não tenho respostas.

Andei sempre aos trambolhões pela vida, encontrão daqui ou dali. Sempre estando no sitio errado.Esforcei-me como podia por encontrar a minha verdadeira identidade. Partirei sem nunca a ter achado.....ai malditos baldes!

 

publicado por ligeirinha às 23:15
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6 comentários:
De Maria João Brito de Sousa a 1 de Março de 2018 às 10:35
Aguardo pacientemente que retomes as tuas publicações, Ligeirinha
De Anónimo a 30 de Julho de 2015 às 23:48
Adorei minha querida poeta!
Como conseguiste "desenrolar "os baldes tão bem....
quanto me encontro perdida , e são tantas as vezes, é neste ou naquele episodio africano que encontro paz....é estranho, não?
Beijinhos querida amiga! <3
De Maria João Brito de Sousa a 30 de Julho de 2015 às 15:56
... Benditos baldes! ... digo eu, não sem um pedido de desculpas por te contrariar assim, quase despudoradamente...

Não tenho por hábito meter a foice em seara alheia e o teu texto é muito belo, merecer-me-ia o maior dos silêncios contempltivos, não me tivesse eu trnsformado em mais um dos trambolhões da tua vida... mas transformei-me, um pouco porque as circunstâncias o proporcionaram, um pouco porque nos "adoptámos" mutuamente aos primeiros contactos, já lá vai um ror de anos...

Olha, minha Ligeirinha, a minha vida foi sempre a descer, rsrsrsrs... sempre a descer no que toca a situação financeira, claro, porque... a verdade é que quanto a "garra poética" e criatividade, tenho encontrado maneira de a manter sempre bem acesa... não andei a mergulhar de balde em balde - quamndo nasci... - mas tenho levado com muito balde de água gelada quando chega - e chega sempre... - o momento de pagar as contas...
Por mais do que uma vez senti a presença da ansiedade a aproximar-se sorrateira. Por mais do que uma vez, a despedi, sempre com a tua ajuda ou de outros amigos.
Sei que isso te pode parecer insuficiente, mas... também não é apenas "isso" que me leva a escrever; BENDITOS BALDES!


Beijo grande!
De poetazarolho a 12 de Março de 2015 às 06:53
O tempo voa, e o que fica ?
De Maria João Brito de Sousa a 30 de Julho de 2015 às 15:58
... fica tanto, Poeta, tanto!
De poetazarolho a 31 de Julho de 2015 às 06:43
Excelente perspectiva, obrigado.

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